quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Filhos, como tê-los

por Alberto David

Alberto David

Ainda jovem me preocupava, um dia, em ser pai. E isso mexia com minha cabeça , recordo-me que quando um amigo me dizia: “ É, David, um dia você vai casar e ser pai” . E respondi com veemência: “ Eu ? Não. Quero não “ . Outros dizem que falava em ser pai , não me recordo, mas sei que isso mexia muito com minha cabeça. É difícil, pois é muita responsabilidade ser pai , e gostava de falar isso , ou seja, dar minha opinião sobre o assunto, talvez antes de Elsimar Coutinho, sobre o planejamento familiar. Eu via crescer a população desordenadamente, ainda mais em se tratando de países em sub- desenvolvimento, ou emergente, como se diz atualmente, em que a falta de estrutura e o descaso dos nossos políticos para a questão: saúde precária , educação , segurança e, o resto, todo mundo sabe.

E mais. Sempre me achei despreparado para tal dom , mas bastante esforçado e obstinado em criar os meus filhos. Há outros que têm mais preparo, paciência, mas são irresponsáveis. Como afirma o ditado, “ Quem ama cuida “ . Não é necessário dom, é preciso o amor e o dever para com Deus. Meu Deus! Como me esforcei para pôr tudo em ordem , se é que temos este poder para se criar filhos , ainda mais em tempos atuais. Não existem manuais e métodos para isso, mas procurei incentivá-los ao trabalho , aos estudos, enfim, a serem gente na vida , vitoriosos. Posso ter exagerado na dose, mas impus limites, sem perder a liberdade, sem passar dos limites. Fui duro sim, e não me arrependo disso.

Houve tempo de entristecer-me.

O lar é um templo de Deus, onde o amor deve ser sempre centralizador para reinar a harmonia das energias e dos fluídos benéficos para a felicidade de todos.

Quem chega a nossa casa, de cara, não é difícil perceber os porta- retratos dos filhos que exponho pelas estantes da casa. Para quem vê, logo percebe, pelo menos a admiração de meu ego de pai e o apego para com eles , alguns acham que é só aparência , mas “ a primeira impressão é a que fica “ . Amo os meus filhos. Talvez eles ou, alguns deles, nem sabem disso, mas “Coração é terra onde ninguém anda”.

É verdade que os filhos também nos dão muitas contrariedades , preocupações , desobediências e, às vezes, resolvem seguir certos rumos que nossa intuição diz o contrário. A geração de hoje mudou. É difícil lidar com eles, até mesmo quando chega a fase adulta - só mesmo tendo muita paciência.

Aliás, fui mais do que isso, ou seja, fui mais do que um pai no padrão normal. Obstinado, disciplinado , fiz de tudo para que eles estudassem, obviamente, deu certo para a maioria , que possui hoje graduação e,se cometi algum equívoco, foi por ser um pai protetor, porque tudo que me pediam eu fazia por eles , não soube dar o anzol, mas, por outro lado, se duro fui , nunca deixei que me tomassem minha autoridade de chefe da casa ,nenhum pai deve deixar que isso ocorra, daí fui taxado de “pai- general”.

Por ser um artista e idealista , um sonhador, deixei embolar o meio de campo e, às vezes, não conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo _ chefe de família e artista. Com isso, perdi , por não ter me dedicado mais aos meus filhos quando crianças. Foi outro erro. Pai não pode fazer pelos filhos o que é do dever deles , nunca deu certo , fica a dependência , o comodismo etc. O pai tem que dar o anzol para seus filhos pescarem.

Família não se divide, soma-se. O amor deve ser regado no dia a dia, como as plantas , as flores e os filhos não devem ser como os espinheiros. Eles, muitas vezes, preenchem o nosso vazio, fazem-nos companhia e nos dão prazer e dão continuidade a nossa geração.

Entretanto, filhos só aprendem quando são pais. Então, caem as fichas! É a lição da natureza. É o exemplo da aprendizagem para seus progressos e desenvolvimentos espirituais. E hoje são os netos que são as companhias para a velhice, dando-nos o amor , alegria , como fosse uma espécie de um “ muito obrigado de Deus “, pelos cuidados que tivemos com os filhos dele, primeiramente. Enfim, acredito que, nos dias de hoje, os netos fazem o papel dos filhos, fazendo-nos companhias na velhice e em nossa solidão... É o reconhecimento de Deus .

FONTE: Alberto David via Facebook

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