domingo, 16 de junho de 2013

Vaias constrangem Dilma e Blatter

Aliados da presidente avaliam que assessoria falhou ao expô-la diante de um público de classe média alta

por EDUARDO BRESCIANI, DÉBORA ÁLVARES, RICARDO DELLA COLETTA, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

ab38d747926b326cd1c5dc353e181800f694231b

A presidente Dilma Rousseff foi vaiada duas vezes na cerimônia de abertura da Copa das Confederações ontem no estádio Mané Garrincha, em Brasília. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, também alvo da manifestação, chegou a reclamar do público pelo microfone, pedindo "fair-play". Para aliados da petista, houve erro da assessoria em expô-la diante de um público de classe média alta. Na oposição, o entendimento é de que o descontentamento com a presidente é crescente.

A vaia, alta e ouvida em todo o estádio, começou no momento em que os nomes de Blatter e Dilma foram anunciados para dar início ao torneio. O presidente da Fifa iniciou sua fala, em português, afirmando que havia ali uma reunião para uma "verdadeira festa do futebol no país pentacampeão". Agradeceu as autoridades brasileiras e citou Dilma, momento em que o público vaiou novamente. Blatter, então, reclamou do comportamento: "Amigos do futebol brasileiro, onde está o respeito e o fair play?".

Dilma ficou com o semblante fechado ao lado do presidente da Fifa e apenas cumpriu o protocolo, sem discursar. "Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações Fifa 2013", disse ela, visivelmente constrangida. Do outro lado dela estava também o presidente da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê Organizador Local, José Maria Marin, com quem Dilma evitou manter qualquer contato público até então.

Aliados da presidente acreditam que a vaia se deveu às características do público. "Vaia de playboy não vale", disse o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) por meio do Twitter. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a situação deveria ter sido evitada pela assessoria de Dilma. "Faltou avaliação política. Era um evento com ingresso caro, com classe média alta, classe A, não é essa a turma da Dilma e do Lula", afirmou Lindbergh. Presente no estádio, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) minimizou o fato. "Político no estádio é sempre vaiado porque o povo ali quer ver futebol", disse. Os petistas lembram ainda que na abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio, o então presidente Lula foi vaiado, mas isso não impediu a eleição de sua sucessora.

A vaia para a presidente aconteceu depois de o público ter demonstrado empolgação. A cerimônia de abertura da competição, dirigida pelo carnavalesco Paulo Barros, procurou vender a principal festa popular do país. Bonecos similares aos do Carnaval de Olinda "disputaram" um jogo de futebol.

FONTE: ESTADÃO.COM.BR       FOTO: Google

Um comentário:

insatisfeito disse...

Os protestos no Brasil quase sempre tem forte motivação política.Porém, velada. Os grupos incitadores nem sempre se mostram, e acima de tudo, preferem se expressar depois de o governo fazer algo que desagrade. Ou seja, a intenção nunca foi evitar o mau uso do dinheiro público, nem a alienação da população, ou ainda a corrupção, o único objetivo é fazer com que a população esteja descontente num período pré-programado, afim de que este ou aquele candidato, partido ou grupo político se beneficie apontando a farsa governamental.