segunda-feira, 1 de abril de 2013

Brasileiros perdem interesse em fazer brincadeiras durante o Dia da Mentira

por Noemi Flores

pinoquioPinóquio, personagem de ficção conhecido por contar mentiras

“Primeiro de abril!”. Quem tem mais de 40 anos, ainda acompanhou o auge desta brincadeira, geralmente sem ferir princípios de ninguém, que um aplicava no outro, seja em casa, na escola ou na rua. Uma tradição divertida que era também conhecida como o “Dia dos bobos”, mas que com o passar dos anos poucos ainda fazem esta brincadeira. E muitos afirmam que perdeu graça porque a população é vítima constante de mentiras e enganos por parte de governantes e empresários.

Para o químico Marcelo Santana de Brito as pessoas estão sendo enganadas seja por políticos ou por empresas que não têm nem ânimo para esta brincadeira. “Acho que a época é de tanta mentira, somos ludibriados por estes políticos que prometem tanto e não fazem nada. Além do mais, somos vítimas constantes de empresas, a exemplo d as operadoras telefônicas, cujo serviço nunca faz jus às propagandas. Com esta realidade, não há espaço para brincadeiras de dia da mentira, se todos os dias já é”, desabafou.

Brito recorda com saudade o tempo das brincadeiras, quando ainda estudante e residente de uma república de estudantes, na década de 1970, foram chamados para uma festa em determinado endereço, chegando lá tinha um aviso no portão “primeiro de abril” . “Quando chegamos lá, eu e mais cinco colegas, a casa estava desocupada, não morava ninguém e lemos o aviso no portão. Mas saímos dali rindo muito e nos encontramos no barzinho que frequentávamos com os mesmos que nos fizeram de bobos e tudo terminou em uma grande farra”, contou.

A costureira Maria do Carmo dos Santos Oliveira disse que viveu a época boa da brincadeira em casa e na escola. “A gente já acordava preparada para fazer a brincadeira e por mais que botasse na cabeça que não íamos cair, havia momentos de esquecimento e também éramos pegos na brincadeira”, afirmou. Ela contou que eram brincadeiras bobas tipo: “Olha aí atrás de você?”, “Sua mãe está te chamando”, “o que é isto no seu rosto?”, “deixou cair um papel aí”.

A atendente Vânia Lima também sinaliza que o dia primeiro de abril é todo o dia. “Não vejo como brincar em uma data considerada dia dos bobos se nos fazem de bobo diariamente. É o ônibus que não para no ponto. É o supermercado que nos faz de empacotador. São os bancos e lotéricas que nos fazem ficar na fila mais de uma hora. São os créditos de operadoras de celulares que acabam em cinco minutos, apesar das promoções mentirosas de créditos duradouros. Com tudo isto, não tem como brincar de primeiro de abril”, desabafou.

A brincadeira surgiu na França, segundo historia-dores, desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera. E as festas para comemorações duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril. No entanto, em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano-novo seria comemorado no dia 1º de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1º de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los.

Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool’s Day, “Dia dos Tolos (de abril)”; na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d’aprile e poisson d’avril, literalmente “peixe de abril”.

No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico lançado em 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez em setembro de 1849.

FONTE: Tribuna da Bahia

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