quarta-feira, 13 de julho de 2011

A VÊNUS NUA DO JARDIM DAS BORBOLETAS

Um esclarecimento é necessário que seja feito. A Vênus nua era uma estátua que adornava uma das mais belas praças de Vitória da Conquista, denominada Praça do Jardim das Borboletas, e que passando por reformas na década de 80, têve o seu nome modificado para Praça Tancredo Neves, e é uma linda praça, que conta com uma cascata d'água natural, lago artificial repleto de peixes e patos, muito bem iluminada. Nesta Praça, em sua parte central ficava a estátua da "Venus Nua", que além de ser totalmente iluminada, possuía uma fonte ao seu redor, para protegê-la. Com a reforma da Praça, a estátua foi retirada, e acabou-se um pouco do encanto que a tantos causou, como à mim,em minha fase da infância até a adolescência.


                                         A VÊNUS NUA DO JARDIM DAS BORBOLETAS

Eu ti via sempre com o corpo nú,

                                                      Tão bela e de inigualável sedução,

E que todos os dias sorria para mim,

E na sua nudez, a mim formosuras mostravas.



Era sim a minha mais bela escultura,

Sempre quieta, inerte ficava permanente,

Brincando com a minha sexualidade e a mente,

Que ainda sonha com teus gestos tão reais.



Assim eras tu ó emblemática e bela escultura,

Que fora erguida no meio do jardim das borboletas,

E que de minhas lembranças, eu sinto tantas saudades,

E como eu desejei que foste como gente de carne e osso.



Eras tu o palco obrigatório de todos os olhares,

Tua nudez simples e natural, te faziam inda mais bela,

E mesmo desnuda e formosa era lá na praça que residias,

Em torno de ti uma bela fonte, e a magia das tuas luzes.



Vênus Nua, que alegrava e coloria aquela linda praça,

E acho que se um dia eu pudesse logo te traria para cá,

Eu juro que tomaria uma atitude, e da praça não sairias,

E se dons de mago eu tivesse, eu a ti daria o sopro da vida.



Mas eis que chega o fatídico dia, e colocam um tapume,

Te cobrem ao redor, para que ninguém mais te olhasse,

E os dias, horas, minutos e segundos foram se passando,

Enquanto você do jardim das borboletas era retirada,

E nunca mais ninguém pode parar te olhar e admirar,

Ninguém mais, pode aos teus pés namorar, ó Vênus nua.


Afranio Garcez.

Publicado em 20/07/1986.




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