Um esclarecimento é necessário que seja feito. A Vênus nua era uma estátua que adornava uma das mais belas praças de Vitória da Conquista, denominada Praça do Jardim das Borboletas, e que passando por reformas na década de 80, têve o seu nome modificado para Praça Tancredo Neves, e é uma linda praça, que conta com uma cascata d'água natural, lago artificial repleto de peixes e patos, muito bem iluminada. Nesta Praça, em sua parte central ficava a estátua da "Venus Nua", que além de ser totalmente iluminada, possuía uma fonte ao seu redor, para protegê-la. Com a reforma da Praça, a estátua foi retirada, e acabou-se um pouco do encanto que a tantos causou, como à mim,em minha fase da infância até a adolescência.
A VÊNUS NUA DO JARDIM DAS BORBOLETAS
Eu ti via sempre com o corpo nú,
Tão bela e de inigualável sedução,
E que todos os dias sorria para mim,
E na sua nudez, a mim formosuras mostravas.
Era sim a minha mais bela escultura,
Sempre quieta, inerte ficava permanente,
Brincando com a minha sexualidade e a mente,
Que ainda sonha com teus gestos tão reais.
Assim eras tu ó emblemática e bela escultura,
Que fora erguida no meio do jardim das borboletas,
E que de minhas lembranças, eu sinto tantas saudades,
E como eu desejei que foste como gente de carne e osso.
Eras tu o palco obrigatório de todos os olhares,
Tua nudez simples e natural, te faziam inda mais bela,
E mesmo desnuda e formosa era lá na praça que residias,
Em torno de ti uma bela fonte, e a magia das tuas luzes.
Vênus Nua, que alegrava e coloria aquela linda praça,
E acho que se um dia eu pudesse logo te traria para cá,
Eu juro que tomaria uma atitude, e da praça não sairias,
E se dons de mago eu tivesse, eu a ti daria o sopro da vida.
Mas eis que chega o fatídico dia, e colocam um tapume,
Te cobrem ao redor, para que ninguém mais te olhasse,
E os dias, horas, minutos e segundos foram se passando,
Enquanto você do jardim das borboletas era retirada,
E nunca mais ninguém pode parar te olhar e admirar,
Ninguém mais, pode aos teus pés namorar, ó Vênus nua.
Afranio Garcez.
Publicado em 20/07/1986.
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