Pai encontra o herói que salvou seu filho da morte

Bebê estava na barriga da mãe, morta em acidente de trânsito no 7º mês de gestação

POR BEATRIZ SALOMÃO

Rio - Com uma tesoura e um barbante, o médico Fabrício Carlos Miranda Figueiredo, 31, operou um verdadeiro milagre na vida de uma família ao salvar o pequeno Júlio César, expelido com apenas sete meses da barriga da mãe, Alexandra da Silva, morta imprensada entre dois ônibus, em Bonsucesso. O ato heroico tem servido de alento e esperança para o marido da vítima Josenaldo da Silva, 43. Ao conhecer o médico, no último domingo, em Jacarepaguá, Josenaldo e a outra filha do casal, Brenda da Silva, 12, não controlaram as lágrimas.

Pai do bebê salvo na última semana após mãe ter morrido no trânsito se encontra com médico e não contém as lágrimas | Foto: João Laet / Agência O Dia 

Segundo o cirurgião, a sexta-feira do acidente foi atípica. Ao chegar ao prédio onde trabalha, na Rua Cardoso de Moraes, o elevador que ele sempre pega estava fechado. Na fila da única cabine disponível, ouviu um comentário sobre o atropelamento. Mesmo sabendo que a vítima já estava morta, Fabrício foi até lá.

“Não sei explicar por que fui até o acidente. Acho que as pessoas nem sabiam que eu era médico quando falaram. Vi que o bebê estava vivo, comprei uma luva e comecei a trabalhar, mas nem sei dizer quem foi me dando os instrumentos”, conta.

O interesse de Fabrício por salvar vidas veio antes da conclusão do curso de Medicina. Aos 16 anos, ele já fazia parte do Anjos do Asfalto, grupo de voluntários que atua em acidentes. Ele ficava atento ao rádio do Corpo de Bombeiros e, com o próprio carro, dirigia-se até a ocorrência.

O pai Josenaldo conta que a gravidez foi uma surpresa, porque Alexandra tinha oito miomas no útero, e a gestação de Júlio César era considerada de risco. Com a perda trágica da esposa, ele conta que a única alegria vem da esperança de ver o bebê fora da UTI neonatal do Hospital Geral de Bonsucesso, onde está em estado grave. “Terei uma dívida eterna com Fabrício”, declara.

FONTE: O DIA