sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O vereador, o médico, o povo sábio e o povo tolo

Na opinião do jornalista e advogado, Paulo Nunes

Paulo Nunes

Li um artigo escrito pelo médico Davi Côrtes, (‏artigo) do qual jamais ouvi falar antes. Entretanto, tal fato não tira sua importância como pessoa no meio social em que vive. No artigo, ele argumenta que travara um embate virtual com um vereador da cidade e na sua opinião diz que o vereador “é um oportunista e que tenta pongar na onda de vilanizar os médicos, descarregando seu veneno e leviandade desinformada ou mal intencionada sobre as manifestações dos médicos, nos culpando pelo caos que é a assistência à saúde pública nesta cidade, na Bahia e no Brasil, desviando a atenção dos verdadeiros culpados”.

Adiante o médico discorre sua via crucis no trabalho do Hospital Esaú Matos. Segundo ele, não há infraestrutura no hospital, seu trabalho era mal remunerado, além de ser perseguido por seu diretor. Alega que tal perseguição ocorreu por causa de suas convicções políticas. Coloca ainda o fato de que médicos compravam agulhas e tecidos cirúrgicos para ajudar os pacientes do hospital. Entendemos que fatos como estes teriam que ser levados a público, no ato do acontecimento, para que a sociedade pudesse cobrar das autoridades públicas a solução para o caso, fazer algo como caridade e usar isso em proveito próprio. Não nos parece salutar. Adiante o médico diz ainda que o hospital foi privatizado. Isso não é verdade, mas podemos entender sua percepção em relação ao público e ao privado, porém diz o médico que não hesitaria em voltar a trabalhar no Esaú Matos e diz que complementaria sua renda trabalhando em clínicas particulares como sempre fez, e faz, com isso, uma denúncia grave, de que os médicos trabalham mais de 60 horas por semana. Fica, a nosso ver, patenteado que precisamos de “MAIS MÉDICOS”, para que nenhum médico precise trabalhar tanto. Afinal, o médico não é uma máquina, merece ter uma carga trabalhista compatível com sua saúde, sua força, e a carga excessiva de trabalho não é boa para o médico, pior ainda para o paciente que corre o risco de receber um diagnóstico errado em função de uma avaliação de um médico cansado. Então, é contraproducente tal atitude, se verdadeira for.

Por fim, o escriba submete o vereador às urnas de 14 e 16. Ora, seria muito bom se nós pudéssemos resolver os nossos graves problemas a cada eleição. Porém, não podemos compactuar com a ideia de que uma simples divergência de opinião (e nada mais que isso) pudesse cassar a palavra ou o mandato de um parlamentar. Mas, enfim, o artigo do ilustre médico diz que o vereador deveria ajudar na luta, cobrar abertura de UPAS (Unidades de Pronto Atendimento), melhoria na saúde, lutar por 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a saúde, uma gestão mais eficiente dos parcos recursos, que, a nosso ver, nem sempre são parcos pois grande parte desses recursos é desviada na compra de materiais e serviços superfaturados, isso claro, não especificamente em Conquista. Enfim, coloca o dedo na ferida, quando diz que se deve cobrar dos médicos e enfermeiros o cumprimento dos horários de serviço, fato que nunca ocorreu no Hospital Esaú Matos antes da Fundação que ora administra o hospital e cobra também dos representantes políticos que pensem além das conveniências partidárias ou midiáticas ou na reeleição e conclama a chegada das urnas.

É inegável o valor do médico Davi Côrtes em seus argumentos, alguns dos quais procedentes, mas outros equivocados, como por exemplo: não é deixando de atender pacientes ou clientes e indo para as ruas apitar que se consegue alguma melhoria para as demandas da saúde, principalmente porque há um contrato entre o pagamento que o paciente faz, seja direta ou indiretamente, e em contrapartida o médico se obriga a atendê-lo bem. No mesmo lado as questões gerenciais devem ser discutidas dentro do âmbito do trabalho para que surja algum efeito prático. Por fim, é obrigação do médico conhecer as autoridades constituídas, e considerando que o vereador é uma autoridade seria prudente que o médico o conhecesse, ainda que não tivesse relação pessoal, mas deveria ter ouvido falar dele, pois o fato de desconhecê-lo e colocar essa afirmativa em tom jocoso, não demonstra grandeza mas sim ignorância e desprezo pela causa pública, uma vez que é o vereador quem decide as demandas da cidade, votando suas prioridades. Foi lamentável para nós lermos esse trecho do seu artigo.

Enfim, para uma classe tão representativa na cidade como é a classe médica, há uma constatação real de que esta, juntamente com a de advogados, engenheiros e empresários, não comparecem à Câmara de Vereadores, e quando se faz presente é apenas para discutir algo pontual que atinja sua classe, jamais numa luta coletiva para benefício da população. Nas últimas vezes que vimos médicos, advogados, engenheiros e empresários na Câmara foi para a tentativa de diminuição do valor do IPTU, ( IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO), este tão aquém do valor dos imóveis dos abastados da cidade e do ISSQN, ( IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUAISQUER NATUREZA).

Entendemos que a metáfora proferida pelo vereador em seu Facebook valeu para que a sociedade soubesse através de um médico que o gerenciamento da saúde no Esaú Matos era um caos e por certo providências para melhorar virão. Entendemos mais, que a discussão comunitária é importante e as vezes as palavras fortes ficam escondidas na leveza do ser e quando saem dessa esfera provocam cataclismos e soluções também.

Para concluir, vamos comentar a nota encaminhada pela Associação dos Médicos à Presidência da Câmara de Vereadores, (nota) no mínimo ingênua, pois demonstra total desconhecimento das leis que regem o país. Seus signatários não sabem que a liberdade de expressão é assegurada a qualquer do povo pela Constituição Federal e que a opinião do vereador, tanto dentro ou fora da Câmara, não depende de anuência do Presidente da Casa, que não exerce nenhum poder sobre a fala dos parlamentares, e sob o ponto de vista jurídico nas declarações o vereador também não praticou crime algum em fazer a afirmação que fez. Entretanto, os médicos que abandonaram seus postos de trabalho estão sujeitos a sofrer ações por perdas e danos por quem se sinta prejudicado pelo não atendimento de suas consultas, uma vez que a paralisação não foi legal. Desta forma, cada um, à sua maneira, contribuiu para sairmos do marasmo. Olhamos para todos os lados e encontramos os que fazem por todos, inclusive pelos tolos e os que fazem quase todos de tolos.

FONTE: Blog do Paulo Nunes       FOTO: Google

4 comentários:

Ari Miguel disse...

Ridícula esta nota da Classe Médica. Ela mostra o quão longe da realidade está essa classe, que, primeiro mente quando diz que o protesto é para melhoria do SUS e depois pelas condições dignas de saúde. Todos nós, inclusive os médicos sabem que, os protestos foram contra o programa mais médicos que o governo tenta implementar para levar médicos para onde não existe esse profissional. O Programa visa prioritariamente contratar médicos brasileiros e não preenchendo estes as vagas, depois seria contratado médicos estrangeiros que se inscreveram no programa. Não entendo a preocupação dos médicos pois o programa não terá o objetivo de confrontar a classe médica, não trará nenhum prejuízo e não haverá concorrência pois, os médicos seriam para locais onde não existe este profissional. A nota, mostra total desrespeito a opinião de uma pessoa, de um cidadão e por vivermos numa democracia a opinião de qualquer cidadão não pode ser censurada, pode ater ser contestada mas, não censurada. Esses médicos mostram total despreparo e desconhecimento das leis com a nota divulgada.

Ari Miguel disse...

Ridícula esta nota da Classe Médica. Ela mostra o quão longe da realidade está essa classe, que, primeiro mente quando diz que o protesto é para melhoria do SUS e depois pelas condições dignas de saúde. Todos nós, inclusive os médicos sabem que, os protestos foram contra o programa mais médicos que o governo tenta implementar para levar médicos para onde não existe esse profissional. O Programa visa prioritariamente contratar médicos brasileiros e não preenchendo estes as vagas, depois seria contratado médicos estrangeiros que se inscreveram no programa. Não entendo a preocupação dos médicos pois o programa não terá o objetivo de confrontar a classe médica, não trará nenhum prejuízo e não haverá concorrência pois, os médicos seriam para locais onde não existe este profissional. A nota, mostra total desrespeito a opinião de uma pessoa, de um cidadão e por vivermos numa democracia a opinião de qualquer cidadão não pode ser censurada, pode ater ser contestada mas, não censurada. Esses médicos mostram total despreparo e desconhecimento das leis com a nota divulgada.

Ari Miguel disse...

O despreparo é tão grande que a nota, ou ofício encaminhado a Câmara de Vereadores está mal redigida, o conteúdo não tem nenhum significado, não consta informações precisas e exige explicações da casa, quando, esta não tem poder para se manifestar quanto as declarações pessoais de um político, vez que as declarações ou manifestações não ofende quem quer que seja e nem é causa de decoro parlamentar.

Ari Miguel disse...

Se o protesto fosse para a melhoria do SUS, os médicos já teriam feito pois não é de hoje que a situação da saúde pública e privada também, está um caos. Nunca vi nenhum movimento que pudesse engrandecer as atitudes dos médicos, eles sempre ficaram na defensiva, no conforto de seus consultórios e nunca foram as ruas num movimento para reivindicar melhorias na saúde e melhores condições de trabalho. Se isto fosse feito com certeza teria a aprovação de toda a sociedade.