segunda-feira, 29 de julho de 2013

SOBRE MÉDICOS: “Não podemos ver os interesses de uma categoria, mas da população”, diz Ademir

ademir abreuAdemir Abreu: “médicos devem atuar como parceiros do governo”, diz

“Acho que a classe médica, os médicos que se formam, devem agir acima dos interesses pessoais, dos interesses corporativos, de cada vez ganhar mais recursos, e pensar nos interesses sociais”. A declaração é do vereador petistas, ex-secretário de Saúde e militante histórico dos movimentos em defesa do Sistema Único de Saúde/SUS, o médico Ademir Abreu, segundo quem, “a categoria médica não deve tratar o governo como inimigo, mas como parceiro”.

“Sou médico, acho fundamental o trabalho do médico para a população, mas acho que esta questão do médico, criando essa dificuldade dentro do governo Dilma, não é uma luta boa nem para a categoria nem para a população. Eu acho que a gente tem que fazer nossas reivindicações, a luta pela assistência à saúde é importante, mas não podemos ver os interesses de uma categoria, mas da população”.

Para o parlamentar, a saúde foi a área que menos se desenvolveu nesses dez anos dos Governos de Dilma e Lula. Como a principal reivindicação da população, em especial manifestada na 14 Conferência Nacional, era a ampliação da atenção básica, “porta de entrada do SUS”, o Governo Federal viu-se na imperiosa necessidade de ampliar os recursos para a saúde. “O que o governo fez com essas mobilizações populares foi procurar atender essas reivindicações, aumentar o aporte e trabalhar a questão da gestão”.

Para Ademir, há uma visão equivocada da categoria ao ser contrária à vinda de médicos estrangeiros para o Brasil. “Trazer médicos não vai impedir essas lutas básicas. Para especialistas, melhora a remuneração”, esclarece. Isto porque, segundo ele, quando se aumenta a assistência, amplia-se a demanda. “Veja o que aconteceu com o PSF. As pessoas que ficavam em suas casas passaram a procurar mais médicos especialistas. A saúde é uma área complexa dificil de resolver, mas há vontade política de Dilma”.

A grita da categoria é a mesma de Ademir Abreu, para quem há necessidade de melhor estrutura e de um plano de cargos e salários; ele condena a questão do pagamento dos salários pelas prefeituras, “que muitas vezes tratam os médicos de forma predatória, sem pagamento dos direitos trabalhistas, dão calote”. Mas, sobretudo, numa visão mais ampla, afirma que “não só os médicos querem salários melhores, todas as categorias querem”.

Ademir trouxe à luz a lembrança da extinção da CPMF, quando, segundo ele, não houve qualquer mobilização para manutenção de “um dos impostos mais justos do Brasil”. E lamenta: “Quando foi votada a queda da CPMF, o pessoal não fez movimento forte. Deveria ter feito, tinha que ter mantido a CPMF, aquela luta deveria ter sido comprada”.

Sobre a tão decantada falta de médicos, o vereador afirma que os problemas são graves porque não existem profissionais em suficiência e os que existem não atendem na atenção primária. “O problema é agravado pela concentração de médicos nos centros urbanos, e no centro da cidade. A saúde é muito hospitalocentrica e precisa ser ambulatorial, ser mais preventiva”.

Para tanto, defende ele, é preciso que as faculdades formem mais médicos generalistas, não apenas especialistas. “Vitória da Conquista é uma cidade onde a saúde primária tem avançado mas não tem 60% da população inserida. E mesmo assim é superlotado e não permite um atendimento digno. O Brasil tem 1,2 médicos para cada 1000 habitantes. Na América Latina, de modo geral, são 2 médicos para cada mil habitantes; tem países na Europa que tem quatro médicos para o mesmo número de habitantes”.

FONTE: Blog do Fábio Sena

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