terça-feira, 30 de julho de 2013

IDHM no Brasil avança quase 50% em 20 anos, mas educação ainda patina

Os dados deste ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais

Estadão Conteúdo

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Em 20 anos, o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um País dominado por municípios que não conseguiam nem mesmo alcançar um desenvolvimento médio - mais de 80% eram classificados, em 1991, como muito baixo - o Brasil hoje chegou a 1/3 considerados altamente desenvolvidos. As boas notícias, no entanto, poderiam ter sido melhores se o País tivesse começado a resolver antes o seu maior gargalo, a Educação.

Dos três índices que compõe o IDHM, é esse que puxa a maior parte dos municípios para baixo. Apesar de um avanço de 128%, O IDHM de educação continua sendo apenas médio. O avanço é inegável. O mapa da evolução dos IDHMs mostra que, em 1991, quando o índice foi publicado pela primeira vez, o Brasil não apenas tinha um perfil muito ruim, era também extremamente desigual, com as poucas cidades mais desenvolvidas concentradas totalmente no sul e sudeste.

Os dados deste ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais. Estão nas regiões Norte e Nordeste as cidades que tiveram o maior crescimento do IDH - como Mateiros (TO), que alcançou 0,607, um IDH médio mas 0,326 pontos maior do que há 20 anos. É na Educação que as disparidades mostram sua força. Apenas cinco cidades alcançaram um IDHM acima de 0,800, muito alto, em Educação. Nenhum Estado chegou lá.

Os melhores, Distrito Federal e São Paulo, foram classificados como Alto IDHM. Mais de 90% dos munícipios do Nordeste e Norte tem índices baixos ou muito baixos, enquanto no Sul e Sudeste mais da metade tem números nas faixas média e alta. A comparação entre Águas de São Pedro (SP), a cidade com melhor IDHM de Educação do País, e Melgaço (PA), com o pior IDHM, tanto geral quanto em Educação, é um exemplo dos extremos do País. Em Melgaço, a 290 quilômetros de Belém, chega-se apenas de helicóptero ou barco, em uma viagem que pode durar 8 horas.

Dos seus 24 mil habitantes, apenas 12,3% dos adultos têm o ensino fundamental completo. Entre as crianças de cinco a seis anos, 59% estão na escola, mas apenas 5% dos jovens de 18 a 20 anos completaram o ensino médio. Águas de São Pedro, a 187 quilômetros da capital paulista, tem 100% das suas crianças na escola, 75% dos jovens terminaram o ensino médio. Em 1991, mesmo considerando os critérios educacionais mais rígidos do IDHM atuais, o município já era o 12º melhor do País. Melgaço, era o 97º pior, o que mostra que ainda melhorou menos do que poderia.

A Educação é onde os municípios brasileiros estão mais longe de alcançar o IDH absoluto. Os números mostram que o País melhorou mais no fluxo escolar - mais crianças estão na escola e na idade correta - mas mantém um estoque alto de adultos com escolaridade baixa e, mais grave, parece ainda estar criando jovens sem estudo. A população de crianças de 5 e 6 anos que frequenta a escola atinge mais de 90%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino fundamental. Entre 18 e 20, 41% concluíram o ensino médio.

Em 15% das cidades brasileiras menos de 20% da população terminou o ensino fundamental. “O que pesa mais é o estoque de pessoas com pouca formação na população adulta. Se você olhar com atenção, verá que nas pontas, acima dos 15 anos, os indicadores já não são tão bons quanto nos anos iniciais “, disse Maria Luiza Marques, coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil pela Fundação João Pinheiro, uma das entidades organizadoras.

O presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Marcelo Néri, considera o avanço na Educação como uma das boas notícias do IDHM, apesar de ainda estar devendo para as outras áreas. “É um avanço muito interessante. A educação é a mãe de todas as políticas, mas é difícil de mudar porque tem uma herança muito grande para resolver”, afirmou. “A educação é a base de tudo e hoje está no topo das prioridades. Mudou a cabeça dos brasileiros.”

FONTE: Correio da Bahia

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