terça-feira, 26 de março de 2013

PSC anuncia que Feliciano fica na Comissão de Direitos Humanos

Partido ‘pede respeitosamente que as lideranças de partidos na Câmara respeitem a indicação do PSC’
por Isabel Braga

Feliciano IIO deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP)Ailton de Freitas / Arquivo O Globo

BRASÍLIA - O PSC anunciou na tarde desta terça-feira, após reunião do partido, apoio à permanência do deputado Marco Feliciano (SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos. Em nota divulgada ao final da reunião, na qual participaram deputados e integrantes da executiva nacional da legenda, o PSC pediu respeito das demais lideranças partidárias na Câmara à indicação do PSC. O partido pediu também que militantes contrários a Feliciano "protestem de maneira respeitosa". O partido defendeu ainda que Feliciano é ficha limpa e foi eleito pela maioria dos integrantes da comissão.

"Não fazemos ameaças, mas se fosse preciso convocar 100, 200, 300 ou 500 ou mais militantes, que pensam como nós, também convocaríamos. Mas o PSC é pela paz, pela harmonia, queremos o entendimento”, disse o partido em nota.

Segundo a nota do partido, o deputado já se desculpou por afirmações malfeitas. “Qualquer um pode deslizar nas palavras, pode errar. Informamos aos senhores e senhoras que o PSC não abre mão da indicação feita pelo partido”, destacou a legenda.

“O deputado Marco Feliciano foi eleito pela maioria dos membros da comissão. Se ele estivesse condenado pelo Supremo, nem indicado seria. Feliciano é um deputado ficha limpa, tendo então todas as prerrogativas de estar na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias", afirmou o partido. "O PSC defende a vida, a família e os Direitos Humanos de todos, inclusive das minorias".

A nota foi lida pelo vice-presidente nacional do PSC e homem forte do partido, deputado e pastor Everaldo Pereira (RJ). No momento em que a nota foi lida, cerca de 20 pastores de igrejas evangélicas que vieram à Câmara apoiar Feliciano aplaudiram a decisão, lida por Everaldo. Um grupo com cerca de dez manifestantes abriu uma faixa para as câmeras, com os dizeres “E se Jesus renunciasse? O que seria do mundo? Marco Feliciano, não renuncie, estamos com você. Povo Cristão”. Eles gritavam “Feliciano não renuncie, estamos com você”.

Antes de anunciar o apoio a Feliciano, a nota relembra que em 1989 e em outros momentos o partido fez campanha pela eleição de petistas, como o ex-presidente Lula, a deputada Benedita da Silva (RJ). Segundo o partido, Marco Feliciano foi eleito com 212 mil votos, está na legitimidade do seu mandato. A legenda afirma ainda, na nota, que entende que ele não é “nem racista nem homofóbico”.

O PSC faz questão de destacar que respeita os outros partidos e exige respeito. Como exemplo, o partido cita a indicação de Eleonora Menicucci, que seria defensora do aborto, para a secretaria de políticas para as mulheres. “Nós protestamos, mas não fomos lá xingar a ministra. Protestamos porque temos o direito de expor nossa opinião, mas respeitosamente”, afirmou.

Depois da leitura da nota, Everaldo afirmou que não responderia a perguntas. Feliciano deixou a reunião, sem falar com a imprensa. O líder do partido André Moura afirmou que a decisão foi conduzida pela executiva do partido e tomada em comum acordo com a bancada. Ele afirmou que agora irá comunicar a decisão ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Alves havia dado um “prazo” - esta terça-feira - para uma solução do impasse na CDH, mas o dia começou com confusão. O líder do PSC na Casa, deputado André Moura (SE), chegou a cogitar a troca de Feliciano.

- Nesse caso, será preciso ainda ter o convencimento do Pastor Marco, até porque ele já foi eleito e só ele pode renunciar ao cargo - disse.

André Moura (SE), segundo relato de deputados, também já conversado com Henrique Alves e informou que Feliciano estava “irredutível” e não queria renunciar. Desde que assumiu a presidência da comissão, o pastor tem sido pressionado a deixar o cargo. Ele é acusado racismo e homofobia devido a suas polêmicas declarações.

Uma das soluções que estão sendo estudadas por alguns parlamentares, mesmo antes do comunicado de permanência de Feliciano, é o esvaziamento da própria. Partidos estariam dispostos a retirar seus integrantes da CDH. O dia de hoje promete novas manifestações no Congresso - contrárias à permanência de Feliciano e também manifestações a favor.

Feliciano já disse que não deixa a presidência da comissão porque renunciar seria assinar um atestado de confissão de que é racista. Alves, no entanto, declarou que a situação do pastor ficou “insustentável”. Na semana passada, dirigentes do PSC se comprometeram com o presidente da Câmara a oferecer uma solução respeitosa.

Na segunda-feira, a pressão para que o pastor renuncie à função aumentou. A Anistia Internacional manifestou preocupação com a permanência do parlamentar à frente da CDH. Um ato que reuniu artistas, como Caetano Veloso e Wagner Moura, além de parlamentares e lideranças religiosas de vários segmentos no Rio, também engrossou o coro para pedir a saída de Feliciano da presidência da comissão.

Independentemente da decisão do PSC, André Moura já adiantou que não deverá indicar Feliciano para outro cargo na Câmara.

- Todas as posições já estão definidas e os membros de outros colegiados já estão exercendo suas funções.

FONTE: O GLOBO

Nenhum comentário: