quarta-feira, 25 de julho de 2012

Professores (estaduais) também querem o fim da greve, afirma jornal da capital.

Carlos Vianna Junior REPÓRTER

Apesar da proposta de suspensão da greve, sustentada pela zonal do Cabula, os professores decidiram pela continuação da greve. A ideia de voltar às aulas e manter a categoria em estado de greve teve uma aceitação pequena entre os professores reunidos, ontem pela manhã, no Colégio Central, no bairro de Nazaré.

A quase totalidade dos presentes optou pelo prolongamento da paralisação, que já dura 106 dias. Com o fim da plenária, os professores saíram em passeata até o Largo da Vitória.

O anúncio da proposta de suspensão, pelo professor Erico Lima, que representava a zonal do Cabula – uma das dez regiões que aglutina escolas e professores de Salvador -, foi recebida com vaias e gritos de “ele é traidor”.

Os apupos levaram o coordenador  geral da APLB, Rui Oliveira, a assumir o microfone e lembrar a natureza democrática da assembleia. “Não esqueçam que somos educadores e o professor está aqui representando uma ideia de um grupo de professores”, repreendeu.

A proposta previa a volta dos professores às escolas na quarta e na quinta para a preparação do calendário de reposição. Na sexta, o calendário seria entregue à Secretaria da Educação para que, em troca, o governo fizesse o pagamento dos salários atrasados. “Mas isso não terminaria o movimento, que continuaria em estado de greve”, ressaltou Lima.

Rui Oliveira garantiu, no entanto, que não existe nenhum acordo com o governo para o pagamento dos salários atrasados no caso da volta às aulas, como estava previsto na proposta de suspensão. “A proposta é de um grupo de professores e, por isso, votamos democraticamente, mas as possibilidades que ela traz não têm sustentação no que foi debatido com o governo”, explicou.

Quando a proposta foi à votação, não mais que dez professores levantaram a mão a favor. Para a professora Ivete Santos, a ideia da suspensão da greve não seria bom para os alunos.

“Teríamos que estar preocupados com reposição e com movimento grevista ao mesmo tempo, o que certamente implicaria em paralisação esporádica das aulas para as assembleias”, opinou.

Para Nilzete Santana Dias, diretora da Associação de Mães e Pais de Alunos da Rede Pública Estadual (AMAP), qualquer proposta que cogite a volta às aulas lhe traz um alento. Com a palavra “mãe” escrita na testa e usando uma camisa, parte do fardamento escolar da filha, como bandeira, ela aproveitou a assembleia para demonstrar sua posição. “Queremos aulas, queremos nossos filhos estudando”, disse.

Foi decidido também que uma nova assembleia será realizada, no mesmo local, na próxima sexta-feira. Sobre o fato do Colégio Central ter sido anunciado por alguns veículos de imprensa como o novo “quartel general do movimento”, em substituição à  Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Rui Oliveira foi enfático. “Não existe nada disso, nem quartel general nem ocupação, é apenas um espaço que estamos usando para realizar nossas reuniões”.

Alunos não discursaram

Muitos estudantes estiveram presentes à assembleia no Colégio Central, mas ao contrário do que aconteceu na última plenária realizada na AL-BA, eles não puderam falar ao microfone. Segundo Ruan Philippe, houve inúmeras tentativas de participação, mas sem sucesso.

“Eles não querem saber de nós, fazem uma assembleia que se resume a bater no governo e a repetir os mesmos discursos sem sair do lugar”, disse o estudante, que é diretor da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas.

FONTE: Tribuna da Bahia

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