quarta-feira, 25 de julho de 2012

Após 105 dias de greve, professores tentam resistir a cansaço, desgaste e falta de salários

por Patrícia Conceição

Após 105 dias de greve, professores tentam resistir a cansaço, desgaste e falta de saláriosFoto: Tiago Melo/Bahia Notícias

Os sinais de desgaste provocado pelos 106 dias de greve dos professores da rede estadual de ensino estavam visíveis nos rostos, bolsos e ânimos dos docentes que participaram da assembleia-geral desta terça-feira (24), no Colégio Central.

O cansaço foi admitido pelo próprio presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, que ponderou em entrevista que “a categoria está muito desgastada e debilitada”. O corte de salários e a falta de perspectivas para a resolução do impasse provocam baixas na adesão do movimento e as estratégias para minimizá-las foram discutidas pelos docentes. “Se o companheiro estiver fraquejando, por dificuldade ou cansaço, a gente tem que pegar pelo braço e trazer de volta para o movimento e não se voltar contra ele”, defendeu Germano Barreto, professor de Feira de Santana, que discursou sobre formas de combate à desunião.

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, a diretora da APLB na região cacaueira, Ruth Menezes, pediu aos colegas para não “criminalizar os companheiros” que deixaram a paralisação. “Quem voltou ao trabalho foi por necessidade, porque está com água e energia cortadas, aluguel atrasado, sem limite no cartão até para comprar comida. Não é justo criminalizar esses colegas que resistiram o quanto puderam e deram sua parcela de contribuição ao movimento”, argumentou.

O balanço apresentado pela educadora contrapõe os dados oficiais do Estado, ao indicar que, dos 27 municípios que compõem a regional, apenas em Ilhéus e Itabuna, “os dois maiores”, a greve continua. O principal entrave apontado é o corte de salários, já que a realização de bazares e campanhas para arrecadar cestas básicas não se mostrou suficiente. “Sempre que falo aos professores da minha regional peço a eles que resistam por mais uma semana, mas não sei o quanto eles aguentam. [...] Precisamos discutir uma saída honrosa, mas precisamos também entender que já somos vitoriosos pelo resgate da união da categoria, pela resistência e pela visibilidade nacional que conseguimos dar ao movimento”, concluiu.

FONTE: Bahia Notícias

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