sábado, 30 de abril de 2011

SÉRIE: História Política de Conquista - 5

Jadiel Matos: o ícone da "Cidade Politizada"

Anos 70

A partir de 1971, o café, a nova opção econômica e alternativa regional, tornou-se o maior investimento feito nos últimos anos, em termos econômicos, financeiros e sociais, destacando-se em 1978 entre os vinte municípios brasileiros que mais renovaram seus cafezais e o segundo município baiano.

A década de 70, portanto, assistirá à implantação da lavoura cafeeira na região, com o consequente desenvolvimento comercial e uma relativa modernização administrativa. O café, todavia, produz também consequências sociais novas para a região, ao induzir tanto o parcelamento da terra quanto a sua concentração, esfacelando a economia rural de base familiar e criando o proletariado rural.

Por outro lado, o café representou uma espécie de dique à migração para o sul, à medida que absorve uma vasta quantidade de mão-de-obra. O fluxo migratório diminuiu consideravelmente. No final da década passada (60) a região de Conquista quase chegou a exaustão econômica, onde se exibia milhares de casas à venda ou para aluguel. Isso porque a pecuária estava descapitalizada. Os moradores, até então, se concentravam dentro do anel que contorna a cidade. Depois de 70, a cidade inchou e com ela veio a periferia. A rápida urbanização, no entanto, não foi acompanhada de uma política de emprego que absorvesse as grandes camadas que se deslocavam para a cidade. A construção civil, antes com nível zero, foi durante toda a década de 70 e 80, a atividade mais dinâmica do município. Porém as unidades construídas eram de acesso somente para a classe média, em alta nesta época.

Quanto à questão da mão-de-obra no campo, apesar de sua fixação à terra (em alguns casos), não houve melhoria de condição de vida do trabalhador rural paralela à importância da cultura cafeeira na região. Primeiro, porque o café é um produto instável, de cultura flexível, havendo ciclos prolongados de colheita. Também os catadores de café são convocados somente nos períodos de colheita. Esse é um outro aspecto negativo que a cafeicultura apresentou como conseqüência social.

Tudo isso provocou a ampliação da rede bancária, a expansão das próprias atividades comerciais e o aumento de arrecadação tributária. Agora que a sociedade local não é formada apenas de ricos donos de fazendas e trabalhadores mpo, fazer política tornou-se cada vez mais difícil. Mesmo nos campos, com a implantação do Pólo Cafeeiro, surge um proletariado rural com potencialidades políticas. Novos interesses cristalizam-se e, refletindo, os partidos políticos se subdividem.

Como nessa época, em pleno regime militar, apenas dois partidos eram tidos como legais (ARENA e MDB), este último se subdividiu em duas frentes, cada qual com seu projeto político. Ao mesmo tempo surge, ideologicamente, o mito da "Cidade Politizada" e "Cidade Progressista".

O café, portanto, provocou novas demandas comerciais, pressionou o sistema viário existente (inclusive o urbano), impôs a necessidade de novos serviços, desorganizou-se a produção existente, dando-lhes contornos mais nitidamente capitalistas e provocou a proletarização no campo. Enfim, chega-se a década de 1980 e Vitória da Conquista experimenta, como reflexos do desenvolvimento dos últimos 40 anos, o aumento populacional (por migrações), a expansão urbana (unidades construídas), a expansão comercial (novos "pontos" e casas comerciais), a atração do mercado de trabalho (profissionais liberais e para o setor primário) e o surgimento de novos bairros periféricos (classe baixa) diminui.

COLABORAÇÃO: Delano Andrade da Silveira, Salvador – BA.

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