quarta-feira, 30 de março de 2011

OAB entra com representação contra Jair Bolsonaro pelos crimes de racismo e homofobia

Deputados de três partidos também entraram com representação contra Bolsonaro. Na internet, defensores dos movimentos negros e LGBT criaram petição para pedir a cassação do mandato do deputado do PP

Redação ÉPOCA, com Agência Brasil

A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) entrou nesta quarta-feira (30) com um processo contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) após ele ter feito um comentário de teor racista em um programa de televisão. A Ordem apresentou à Mesa Diretora da Câmara uma representação de sete páginas em que acusa o deputado pelos crimes de racismo e homofobia.

Bolsonaro é acusado por ter respondido a uma pergunta feita pela cantora Preta Gil, filha do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, com tom racista. Ao ser questionado sobre como reagiria caso seu filho namorasse uma negra, Bolsonaro respondeu: “Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu (de Preta Gil)”.


Tentando contornar a gafe, Bolsonaro acabou piorando sua situação ao se justificar dizendo que tinha entendido que Preta Gil lhe perguntara se seu filho namoraria outro homem, o que ele considera impossível. A comunidade LGBT reagiu, e, na tarde de quarta, Bolsonaro voltou a inflamar a discussão ao afirmar, durante o velório do ex-vice-presidente José Alencar, que está se “lixando” para o movimento gay.

"Estou me lixando para o movimento gay. O que eles têm para oferecer? Casamento gay? Adoção de filho por gay? Nada disso acrescenta nada", disse Bolsonaro. O parlamentar afirmou também não ter medo da ação de seus adversários. "Soldado que vai a guerra e tem medo de morrer é covarde".

Já no final da noite de terça, três partidos (P-SOL, PCdoB e PDT) também haviam protocolado outra representação assinada por 20 parlamentares pedindo para que a Corregedoria da Casa investigasse Bolsonaro pelos mesmos crimes - racismo e homofobia. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), deve encaminhar uma solicitação à corregedoria.

A polêmica toda começou após o vídeo em que Bolsonaro fez as declarações ser disponibilizado na internet, o que gerou reação instantânea da sociedade, principalmente pelas redes sociais. Em resposta, internautas defensores e simpatizantes dos movimentos negros e LGBT criaram, online, petição a ser encaminhada ao Congresso pedindo a cassação do mandato de Bolsonaro. O documento, disponível no site Change, já conta com mais de 4.800 assinaturas.

Na Câmara, curiosamente, Jair Bolsonaro é membro da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, mas, de acordo com a própria presidente, deputada Manuela D’ávila (PCdoB-RS), ele não poderia ter direito de atuar na comissão uma vez que não defende os direitos humanos. Os deputados que assinaram a representação contra Bolsonaro - Manuela é uma delas - pedem que o parlamentar seja destituído, pelo próprio PP, da comissão após o escândalo.

Antes de ser convocado pelo Conselho de Ética para prestar depoimentos, Jair Bolsonaro já se adiantou e afirmou que pediria para ser chamado a fim de esclarecer a polêmica. Em nota divulgada em seu site, o deputado afirma que não tem problemas com negros, afinal, ele próprio tem vários funcionários negros trabalhando para ele.   LH

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