sexta-feira, 19 de julho de 2013

CORREDORES VAZIOS: Pacientes não foram abduzidos, afirma Solla

Jorge Solla, sem aptidões corporativistas, silencia residentes

SollaNa última segunda-feira (15), o secretário de Saúde Jorge Solla esteve em Vitória da Conquista para dar posse à nova diretora do Hospital Regional de Vitória da Conquista, Marilene Ferraz, ocasião na qual viu-se acossado pela imprensa local por causa da ausência de pacientes nos corredores daquela unidade. No mesmo dia, um grupo de médicos residentes daquela unidade resolveu protestar durante a solenidade. Portando cartazes, eles reclamavam até da suposta falta de dipirona, do tomógrafo quebrado, da falta de estrutura, entre outras mumunhas. E foi a estes, especialmente a estes, que Jorge Solla dedicou os quase 60 minutos de um discurso que se, por um lado, silenciou os manifestantes, por outro, mereceu aplausos da outra banda da platéia.

Ao esclarecer as razões pelas quais os corredores do hospital estavam vazios no dia de sua visita, Solla acabou, de certa forma, denunciando o fato de que “colegas” faziam “corpo mole” e que, para resolver o problema, estariam sendo “chamados” à responsabilidade pelos médicos comprometidos com a saúde pública. “Os pacientes não estão mais nos corredores porque os colegas que nem sempre tinham a devida agilidade em fazer a cirurgia no tempo necessário, em viabilizar logo o procedimento, eles agora estão tendo outros colegas que estão lembrando: ‘Oh, colega, esse paciente aqui está há três dias esperando que você opere. Dá uma força aí, agilize o processo’. Estão lembrando e agilizando o procedimento cirúrgico”.

A verdade é que Jorge Solla, absolutamente desprovido do caráter corporativista majoritário entre seus colegas, teceu críticas ácidas contra parcela da categoria contrária às políticas que a presidenta Dilma Rousseff vem tentando implantar no sentido de assegurar médicos nos rincões brasileiros, apresentando numerosos dados que comprovam a tese segundo a qual a deficiência reside fundamentalmente no modelo de formação acadêmica e na desigual distribuição regional de cursos de Medicina Brasil afora.

Abaixo, segue transcrito o trecho do discurso no qual o secretário Jorge Solla presta informações sobre a ausência de pacientes nos corredores:

“Se os corredores estão vazios não é porque veio um disco voador e abduziu os pacientes. Não é porque deram altas aos pacientes e mandaram embora sem a devida resolução, não é porque as enfermeiras levaram e hospitalizaram na casa delas. É porque, com a Central de Leitos funcionando, os outros hospitais tiveram que receber pacientes para os quais, antes, a única porta aberta era o Hospital de Base, porque os outros hospitais negavam receber pacientes e empurravam esses pacientes para o Hospital de Base. Com a central de leitos os demais hospitais estão tendo que compartilhar com o Hospital de Base o sistema de saúde. Isso aqui não é uma ilha. É parte de um sistema de saúde.

Os pacientes não estão mais na emergência, não estão mais no corredor porque nós temos contratos com hospitais privados, e só o São Geraldo, por exemplo, está recebendo parte dos pacientes que não precisariam estar na emergência porque não são pacientes agudos.

Os pacientes não estão nos corredores porque nós temos duas equipes de internação domiciliar trabalhando aqui em Vitória da Conquista. Os pacientes não estão no corredor porque os pacientes que ficavam um, dois, três dias, esperando suas prefeituras mandar buscar, agora não esperam mais porque nós contratamos serviços de ambulância que entrega ele no município de origem. Os pacientes não estão nos corredores porque, apesar de a tomografia estar quebrado, existem cinco tomógrafos contratados na rede privada.

Os pacientes não estão mais nos corredores porque os colegas que nem sempre tinham a devida agilidade em fazer a cirurgia no tempo necessário, em viabilizar logo o procedimento, eles agora estão tendo outros colegas que estão lembrando: ‘Oh, colega, esse paciente aqui está há três dias esperando que você opere. Dá uma força aí, agilize o processo’. Estão lembrando e agilizando o procedimento cirúrgico. Paciente não está mais no corredor porque não estão deixando mais leito e enfermaria vazios para deixar uma zona de conforto maior para dentro e as macas no corredor. Todos estão sendo ocupados imediatamente após o paciente ter alta. Porque é muito cômodo para alguns deixar uma zona de conforto protegida e deixar para alguns poucos viabilizarem os resultados mais difíceis”.

FONTE: Blog do Fábio Sena

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