terça-feira, 30 de abril de 2013

SALVADOR: Acusado de matar ex-namorado ri e solta beijos para a imprensa durante apresentação

Nei da Silva Andrade, 29, é descrito como introspectivo, mas aproveitou a oportunidade para "se soltar"

por Natália Aguiar

30128_0430Nei fez biquinho e sorriu para as câmeras na apresentação

Preso pela morte do técnico agrícola Maurício José Sanches de Oliveira, 49 anos, o garçom Nei da Silva Andrade, 29, ex-namorado da vítima, confessou que, na noite do dia 14 de abril, agrediu Maurício com socos e pontapés após uma discussão que os dois tiveram no apartamento do técnico, na Rua Frederico Edelweiss, no Rio Vermelho. Maurício foi encontrado morto na terça-feira. 

Nei foi preso sexta-feira passada e apresentado ontem no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com o delegado adjunto da 1ª Delegacia de Homicídios, Reinaldo Mangabeira, Nei é capoeirista e admitiu à polícia ter agredido o ex por não aceitar o fim do relacionamento. Segundo a polícia, ele teria pedido para voltar e Maurício disse que já estava com outra pessoa, o que motivou a agressão. “Após a prisão, ele confirmou que esteve de fato no apartamento naquele domingo à noite, onde, por questão de ciúmes, entrou em luta corporal com a vítima. Nei pegou um banco de madeira e atingiu o homem na cabeça. Logo depois, deu vários socos e pontapés em Maurício”, relatou.

Apesar de confessar o espancamento, o confeiteiro afirma que deixou o técnico vivo. De acordo com  Mangabeira, porém, uma perícia extraoficial contratada pela família constata que a vítima morreu no momento da briga. “Ele diz que deixou a vítima consciente, mas isso foge da realidade porque a vítima 

foi barbaramente espancada. Pelas oitivas (relatos) das testemunhas e vigilantes da rua, a gente sabe que a única pessoa que teve acesso ao apartamento foi ele. Não há outro suspeito”, contrapôs o delegado.

Nei e Maurício mantiveram um relacionamento de dois anos. Apesar de separados há três meses, Nei afirmou que eles ainda se encontravam esporadicamente. 

Fuga

Após o crime, Nei dormiu com o irmão, com quem morava em Itapuã. Segundo o delegado, em depoimento, o irmão admitiu ter estranhado a forma como Nei chegou em casa, querendo dormir no mesmo quarto que ele.

Na segunda-feira, 15, conforme consta no depoimento, foi ao Sheraton da Bahia Hotel (antigo Hotel da Bahia, no Campo Grande), onde trabalhava, para dizer que não estava em condições de assumir suas atividades devido a uma dor no braço, que, segundo o delegado, seria consequência da briga com Maurício. 

Ao justificar que procuraria um médico, não voltou mais. Em nota, o Sheraton da Bahia Hotel informou que não daria nenhuma informação sobre o assunto. 

O delegado Reinaldo Mangabeira disse ter ouvido de familiares de Nei que, quando soube que estava sendo procurado pela polícia, ele decidiu viajar para a casa da mãe, na zona rural de Jequié, com o pretexto de que iria visitá-la. No entanto, a polícia o localizou na sexta-feira. 

Caça

procurado1804Maurício (à direita) foi agredido após admitir novo relacionamento

Para chegar ao suspeito, a polícia contou com o depoimento de pessoas que testemunharam sua entrada e saída do edifício onde Maurício morava, além de parentes e amigos, que informaram sobre as ameaças de morte que a vítima vinha recebendo.

“Maurício alertou alguns parentes, identificou o Nei e passou o endereço da residência dele, em Itapuã, para que se acontecesse algo já soubessem quem era o responsável”. Segundo as testemunhas, as ameaças eram feitas por celular e mensagem de texto.

O delegado explicou que certificou-se da responsabilidade do suspeito durante a investigação para expedir o mandado de prisão, obtida junto à 1ª Vara do Tribunal de Júri. “A procura dele foi noticiada e, a partir disso, a informação de que ele estava no interior, na casa de familiares, chegou ao DHPP”.

A prisão do rapaz, em Jequié, foi efetuada pelo Grupo de Apreensão e Captura (Grac) do DHPP, com apoio da 55ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), de Ipiaú.

Nei está em prisão temporária no Complexo da Baixa do Fiscal. Apenas após a conclusão do inquérito, em até 30 dias, será solicitada a prisão preventiva. Ele vai responder por homicídio qualificado e, se condenado, pode pegar de 12 a 20 anos de prisão.

Descrito como introspectivo, Nei sorriu durante apresentação

Durante apresentação à imprensa no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Pituba, na manhã de ontem, Nei da Silva Andrade  se mostrou um rapaz impaciente e irônico. Posava para fotos com biquinhos como se fosse soltar beijos e risadas em tom de deboche. Ao ser questionado sobre sua participação no assassinato, ele se limitou a dizer que não tinha nada a declarar: “Só falarei em juízo”.

No único momento em que mudou as palavras, ele confrontou um repórter ao dizer: “Pega meu depoimento que você vai saber”. Segundo o delegado Reinaldo Mangabeira, o criminoso era  usuário de maconha e cocaína. De acordo com os depoimentos colhidos, Nei é tido entre amigos e familiares  como uma pessoa reservada e introspectiva. Em depoimento, seu irmão, que não teve o nome divulgado, disse que na noite do crime, o confeiteiro chegou em casa com um jeito estranho, pedindo para dormir junto ao irmão, e chegou a colocar o sofá contra a porta.

FONTE: Correio da Bahia

Nenhum comentário: