segunda-feira, 25 de março de 2013

Haroldo Lima e os 91 anos do PCdoB

Haroldo sobre 91 anos do PCdoB: “Mantemos nossa concepção básica”

por Erikson Walla,
Da redação da Bahia

en_972228307096656Haroldo Lima

O Partido Comunista do Brasil chega ao seu 91º aniversário com uma trajetória marcada pela luta pela liberdade, democracia e justiça social. Participante ativo dos principais episódios da história recente do Brasil, o partido passou por várias fases, nesse longo período, até se transformar no PCdoB, tal qual o conhecemos hoje, um defensor do caminho socialista para o país.

As fases da trajetória do PCdoB foram destacadas pelo ex-deputado federal e ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Lima, em uma entrevista ao portal Vermelho. O dirigente comunista considera que algumas das mudanças foram radicais, como a que reorganizou o partido, na década de 1960, mas defende que a essência e os ideais continuam inalteráveis. Confira.

Os 91 anos

"O PCdoB está caminhando para ser o primeiro partido do Brasil a chegar ao seu centenário. Nessas nove décadas que já vencemos, demos uma contribuição grande ao Brasil, à causa operária do país e fizemos muitas mudanças na nossa concepção de ver as coisas, na nossa maneira de fazer política. Mas, mantemos sempre a nossa concepção básica, os nossos objetivos superiores. Nós temos a mesma ideia de caminhar no sentido do socialismo, da libertação e soberania nacional. Isso não mudou, mas vem mudando as formas e as oportunidades de que as coisas são feitas. Nesse sentido, nós tivemos algumas fases na nossa história"

Fases

"Temos a fase da fundação, propriamente dita, cuja maior personalidade daquele período era Astrogildo Pereira. Mais à frente, temos o marco da Revolução de 30, depois a Constituinte de [19]46, o afastamento dos mandatos de todos os eleitos do PCdoB. Um pouco mais à frente, chegamos ao período da década de [19]50, onde nós passamos pela maior e mais importante reorganização da nossa história"

Reorganização de 62

"Uma avalanche de ideias derrotistas veio para o seio do partido lá do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (1956) e atingiu o Brasil. A luta pelo socialismo entrou em pauta, se era para continuar ou se não era para continuar. Por conta dessas divergências, houve uma reorganização do Partido Comunista do Brasil em 62. É quando aparecerem as figuras monumentais de João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar, os três principais dirigentes desse processo de reorganização. Nós começamos a trilhar um caminho novo, com maior inserção na vida social brasileira, a se aproximar das formas práticas de se chegar ao socialismo, até que vem a Ditadura Militar (1964-1985)"

Ditadura de 64

"Na Ditadura de 64, nós fomos alijados do processo político que estava existindo e passamos para a clandestinidade. O partido começou a manter a peixeira da resistência e procurou se relacionar com movimentos que estavam nesta mesma trincheira. Isso nos fez aproximar da Ação Popular Marxista Leninista do Brasil (APML), que foi a maior organização de origem democrática do Brasil. Quando começa a Guerrilha do Araguaia, em 1972, essa aproximação foi acelerada e houve a incorporação da ação ao PCdoB, isso reforçou bastante o nosso partido e a nossa luta armada guerrilheira. Isso foi fundamental para o desgaste da Ditadura Militar, que logo chegaria ao fim, com o governo do general Figueiredo"

Diretas Já

"Participamos da maior campanha de massa do Brasil, a chamada campanha das “Diretas Já” que foi, entretanto, derrotada. Com a derrota, nós tomamos a justa e perspicaz diretriz de ir ao colégio eleitoral, não para fortalecer o colégio, mas para derrotar o colégio eleitoral que foi criado pela ditadura e, assim, derrotar a própria ditadura. Foi o que aconteceu. Alguns acharam que não era correto ir lá, mas nós comparecemos porque temos independência política e contribuímos para o fim do regime militar"

A Constituição de 88

"Logo depois, surge a Constituinte. Fomos, dentre as bancadas menores, a que mais apresentou emendas ao projeto da Constituinte. Tivemos uma participação muito efetiva na apresentação do nosso ponto de vista. A nossa bancada foi dirigida internamente pelo camarada João Amazonas que, praticamente, se mudou pra Brasília. Embora tenha limitações, a Constituição, que Ulisses Guimarães chamou de Constituição Cidadã, trouxe avanços. Ela também trouxe resultados de uma efervescência muito grande do movimento popular do nosso país. Nunca na história do legislativo brasileiro houve uma participação tão ativa, tão frequente, tão expressiva de ambos os setores da sociedade apresentando seus pontos de vista"

Legalidade

"Quando termina a Ditadura Militar é que o partido consegue a sua legalidade, já participa da Constituinte como partido legal"

Governos Lula/ Dilma

" Nós estivemos nas articulações para a eleição de Lula desde a primeira, em 1989. Éramos membros da coordenação nacional da campanha de Lula e quase ganhamos a eleição, no segundo turno. Perdemos a segunda, a terceira e, na quarta, elegemos Lula presidente da República. Foi uma situação nova na vida do país. Nós passamos a ter um governo de expiração nacional, com expressão popular muito grande, que conseguiu se livrar do FMI (Fundo Monetário Internacional) e que retomou o desenvolvimento do Brasil sob a ótica da inclusão social. O Brasil, no passado, se desenvolveu bastante, mas nunca se desenvolveu sob a inspiração de uma política de inclusão. Isso está acontecendo agora. Já tiramos da pobreza algo em torno de 40 milhões de pessoas, uma coisa assombrosa porque, pra se ter uma ideia, a Argentina tem 41 milhões de pessoas. É assim que estamos comemorando esse nonagésimo aniversário"

FONTE: FACEBOOK

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