terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Diretor mata presidente da Rede Boafarma

Mariacelia Vieira

Disputa pela sucessão na presidência da Associação de Farmácias e Drogarias do Nordeste (ASSOFARNE – Rede Boafarma), eleição esta que acontece em janeiro, pode ter sido a motivação para o homicídio seguido de suicídio do diretor administrativo Albérico Pinto Lopes. De acordo com o delegado plantonista da 16ª Delegacia (Pituba) André Carneiro, por volta das 10 horas de ontem, Albérico teria invadido a empresa, na Rua das Acácias, número 261, Caminho das Árvores, e matado com três tiros o presidente, Waldir Mattos Régis, 71 anos. Em seguida, o acusado teria se suicidado.

Os policiais apuraram que uma pessoa estava sendo entrevistada pelo presidente e presenciou toda a violência, mas nada sofreu, apesar de estar sentada na frente da vítima. Testemunhas afirmaram terem ouvido uma voz de mulher pedindo para que uma discussão parasse. De acordo com Carlos Brandi, vizinho da sede da empresa, uma mulher teria gritado, antes dos disparos: “Faz isso não”.


Os funcionários da empresa, após ouvirem os tiros, correram para a sala do presidente e se depararam com a trágica cena. Waldir Mattos Régis ainda foi socorrido pelos militares da 13ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas morreu antes dos primeiros socorros. O diretor morreu na hora. 

O delegado apurou que, há pelo menos seis meses, a desavença entre eles estava instalada.  “Pelo que parece, Albérico não estaria sendo apoiado pelo Waldir para as próximas eleições”, disse Carneiro. Há informações extraoficiais de que Albérico teria sido dono de uma rede de farmácias, mas perdeu o patrimônio. Teria conseguido voltar ao meio com 5% em uma farmácia na cidade, e pretendia disputar as eleições marcadas para os dias 23, 24 e 25 de janeiro próximo.

Eleição pode ser a causa do crime 

Funcionários da rede, que conta com 116 farmácias na cidade, disseram que Albérico e Waldir discordavam sobre a eleição da nova diretoria da rede. Segundo Milton Mutti, assessor do presidente, este foi o motivo da tragédia. “Agora mesmo, ia ter eleição, para presidir de novo a rede. Ele foi impossibilitado de ser candidato por ser inadimplente, por não ter farmácia. Então ele (Albérico) ficou sem poder competir. E a loucura dele foi justamente essa. Ele dizia que se não podia o outro também não iria ser nunca”, afirmou.

Na tarde de ontem, o Focus preto, placa JSE-2078, do presidente da rede, continuava na garagem da empresa. “Os funcionários deixaram o local assim que o corpo de Albérico foi removido para o Instituto Médico Legal”, informou uma vizinha, dizendo-se ainda chocada com o crime registrado pela manhã.

A polícia apreendeu na empresa a arma do crime, o laptop da vítima, além de uma CPU de computador onde estariam imagens do assassino chegando ao local. Waldir Régis era proprietário das farmácias Asa Branca, no bairro do Campo Grande, e Rebote, na Avenida Paulo VI, na Pituba.  Participou da vida pública em Salvador entre os anos de 1989/1993, como vice-prefeito de Fernando José, e durante dois meses foi reitor da Faculdade Dois de Julho. Segundo ex-alunos, sua curta administração gerou, inclusive, uma mobilização de estudantes. A vítima foi ainda superintendente do Banco do Nordeste do Brasil, onde se aposentou. O sepultamento de Waldir está marcado para às 16 horas de hoje, no Cemitério Jardim da Saudade. (MV)

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