Na opinião de muitos pais e alunos, Geisy continua sendo culpada, e não vítima do que aconteceu. Na semana passada, por exemplo, Iolanda Tiglia, mãe de uma estudante, improvisou um palanque no pátio da faculdade e discursou: "A Uniban não pode pagar pelo erro de uma única pessoa. Não foi o reitor quem ficou por aí andando de vestidinho". A Uniban é uma faculdade particular para a classe C, com mensalidades que não passam muito dos 400 reais. A educação não é das melhores. Dos 35 cursos da Uniban avaliados pelo governo federal, dezesseis foram considerados insatisfatórios, treze apenas atingiram o patamar mínimo e seis não receberam nota por problemas de metodologia. Os alunos da instituição são, em geral, a primeira geração de sua família a fazer um curso universitário. Geisy tem o mesmo perfil. "O episódio ressaltou um valor essencial para essa faixa da população: o conservadorismo sexual", diz o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Brasileiro. Mas isso não justifica a agressão a Geisy, é claro.
Qual teria sido a fagulha que incendiou a massa da Uniban? O fato de alguns rapazes terem começado a chamá-la de "gostosa" logo na sua chegada à faculdade? O fato de as amigas de Geisy terem colado no vidro da porta da sala de aula, de brincadeira, o cartaz: "Fotos da Loirão: 10 reais"? Ou estaria a estudante de turismo, que adotou o dourado artificial nos cabelos aos 13 anos de idade, mais ousada do que de costume naquela noite? O dia do tumulto não foi sequer o primeiro em que Geisy usou o microvestido rosa, 12 centímetros acima do joelho e pelo qual pagou 50 reais, com dinheiro emprestado da irmã. Na verdade, praticamente todo o guarda-roupa de Geisy poderia ser classificado de "incompatível com o ambiente da universidade", para citar a expressão usada no comunicado da expulsão que não houve.
Ao mostrar o mais curto de seus vestidos à reportagem de VEJA, a estudante ouviu de sua sobrinha de 9 anos: "Esse serve até em mim".
Suas roupas, no entanto, não destoam do figurino de outras moças da Uniban de São Bernardo, onde são comuns os decotes profundos e o pouco pano das saias. Pode ser mesmo que Geisy tenha ido um pouco além do limite que separa a sensualidade da vulgaridade e, desse modo, tenha despertado a selvageria injustificável da turba. Ela não faz nenhuma questão de desestimular as cantadas que recebe, inclusive na rua. "Sou linda e gostosa, sim. Se eu fosse feia, talvez nada disso tivesse acontecido", diz Geisy, 1,71 metro, peso não declarado, pelos das pernas descoloridos e novíssimos apliques no cabelo.
Como não poderia deixar de ser nestas latitudes, a moça procura tirar alguma vantagem da condição de celebridade instantânea: já analisa a possibilidade de posar nua e de fazer um comercial para uma marca de lingerie. A massa que aguarde.
FONTE: REVISTA VEJA VI NO: Blog Fala Sério Conquista
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